Pesquisa sobre conhecimento de gorduras

Desinformação que entope artérias

 Estudo revela que pacientes com problemas cardiovasculares não sabem diferenciar as gorduras saudáveis daquelas que fazem mal ao coração

O médico e nutrólogo Daniel Magnoni  é um profissional empenhado em traduzir as descobertas científicas para o cotidiano dos pacientes.Ele dirige o setor de diretor de nutrição do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia e o Serviço de Nutrição Clínica do Hospital do Coração de São Paulo.  

Sua mais recente pesquisa, divulgada com exclusividade por ISTOÉ, avaliou o conhecimento que as pessoas têm sobre as gorduras que fazem bem e aquelas que aumentam o colesterol, se depositam nas artérias e sabotam o coração. O trabalho foi patrocinado pela marca Becel. 

Primeiramente, Magnoni selecionou 400 pacientes atendidos nos ambulatórios do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, em São Paulo. Depois, pediu a eles para avaliarem quais, das gorduras listadas a seguir, fazem bem ou mal à saúde cardiovascular: transaturada, saturada, insaturada, monoinsaturada e poli-insaturada. 

Essas informações podem ser consideradas altamente relevantes para os participantes do estudo. Dos 400 selecionados, 356 precisavam seguir, por recomendação médica, uma dieta pobre em gorduras. 

O resultado da pesquisa impressiona pela desinformação dos pacientes.  Na prática, as pessoas não sabem diferenciar uma gordura da outra. Confira: 

– 73% dos entrevistados não conhecem ou nunca ouviram falar de gordura insaturada 

– 89% dos participantes não fazem ideia do que era gordura monoinsaturada ou poli-insaturada 

– Mais de 50% dos voluntários da pesquisa acreditam que essas gorduras fazem mal à saúde

–  20% das pessoas com alterações de colesterol consomem manteiga no café da manhã, o que é um erro. A manteiga é rica em gordura saturada, componente que causa o aumento dos níveis do colesterol LDL, conhecido como o colesterol ruim

–  48% acreditam que os cremes vegetais contêm gordura saturada; 31% que são feitos com gordura transaturadas, 46% não sabem o que pensar e 76% acham que não é um alimento saudável

ENTENDA AS GORDURAS
Saturadas  De origem animal. Presentes em alimentos como carne vermelha, manteiga, bacon, creme de leite, cacau e pele de frango, estão associadas ao aumento do risco de infarto e acidente vascular cerebral porque elevam a concentração de LDL, o tipo de colesterol que se deposita nos vasos sanguíneos. Uma grande revisão das pesquisas feita recentemente sugere que não há provas de que o consumo desse tipo de gordura aumenta o risco de morte

Insaturadas (mono e poli) Encontradas principalmente em fontes vegetais como o azeite de oliva, avelã, abacate, óleos de milho e algodão, entre outros. Também está presente em alguns peixes. São consideradas gorduras do bem e teriam papel protetor contra enfermidades cardiovasculares. No entanto, estudos recentes sugerem que o alto consumo pode não estar relacionado com a redução de eventos cardiovasculares

Poliinsaturadas São ricas em ácidos graxos essenciais (Ômega 3 e 6), substâncias que não são produzidas pelo organismo. Reduz tanto o colesterol ruim (LDL) quanto o bom colesterol (HDL). Pode ser encontrada nos seguintes alimentos: óleo de soja, girassol, canola, milho; em peixes como o atum, sardinha e em frutos do mar; nozes e sementes de abóbora. 

Monoinsaturadas Mostra-se mais eficiente do que as poliinsaturadas no combate ao colesterol ao reduzir apenas o colesterol ruim (LDL) e estimular o bom colesterol (HDL). Boas fontes: azeite de oliva, abacate, amendoim, nozes e óleo de canola.  

Trans 
Surge de uma reação química na qual se utiliza o hidrogênio para transformar óleos vegetais saudáveis, como os de soja, girassol, milho e canola, em um tipo de gordura sólida. Este composto artificial não é metabolizado pelo organismo. Por isso, circula livremente entupindo veias e artérias. Ela não só aumenta o colesterol ruim diminui de maneira importante o bom colesterol

  

Na visão de Magnoni, as respostas mostram quanto falta informação. “O consumo de creme vegetal é o mais indicado para pessoas que precisam controlar os níveis de colesterol no sangue, além de ser livre de gordura trans ou saturada”, diz o especialista.

 A leitura dos rótulos também deixa a desejar: 67% dos entrevistados não costumam ler a composição do que consomem.  Não seria esperado que as pessoas com doenças cardiovasculares prestassem mais atenção à composição dos alimentos?  

Fitoesteróis, então, é um termo que não faz parte do vocabulário dessa turma. Na amostra de Magnoni, 90% nunca ouviram falar da substância considerada pelos cardiologistas e nutricionistas como um excelente aliado para a redução do colesterol ruim (LDL).

 Apesar da confusão, a grande maioria dos participantes demonstra preocupação crescente com a qualidade dos alimentos ingeridos. Pode ser uma esperança para tentar mudar esse painel de desconhecimento e equívocos nutricionais. Afinal, a dieta equilibrada e mudanças no estilo de vida são os primeiros passos a serem dados por pessoas com problemas cardiovasculares.

Mônica Tarantino //../undefined/compose?to=monica@istoe.com.br” target=”_blank” title=”blocked::mailto:monica@istoe.com.br“>monica@istoe.com.br 
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