Diabetes Melitus – Aspectos Nutricionais

Diabete melito (DM) é um distúrbio primário heterogêneo do metabolismo dos carboidratos com múltiplos fatores etiológicos que geralmente envolvem deficiência absoluta ou relativa de insulina e/ou resistência à insulina. Indiferentemente de sua causa, manifesta-se clinicamente por hiperglicemia e suas consequências.

Histórico

O nome Diabete Melito deve-se a Aretaeus de Capadócia (médico grego que viveu em Roma, +120-200 DC) e Celsus (médico romano, primeiro século), que, ao descreverem a doença, relacionaram o nome diabete a “síphon” (tubo) e melito a “melli” (mel ou açúcar).(4)
A história da dietoterapia no tratamento da DM iniciou-se no Egito antigo. Até meados de 1912, a concepção dos parâmetros dietoterápicos variou entre oferta de dietas ricas em carboidratos, dietas com restrição em carboidratos, novamente dietas hiperglicídicas e terapia nutricional hipoglicídica (4,5).
O único tratamento eficaz até 1921 baseava-se na dietoterapia. Os cuidados nutricionais caracterizavam um quadro de desnutrição em vista das limitações impostas aos pacientes, seguindo orientações de rigorosa restrição aos carboidratos. Nesse ponto, paradoxalmente a atual e significante indicação de fibras na terapia da Diabetes Melito, restringia-se o consumo de frutas e leguminosas. (4,5,6).
Após 1922, as tentativas de preparar extratos pancreáticos obtiveram algum sucesso. O emprego da insulina teve início após 1936. Em 1955, as sulfoniluréias começaram a ser usadas como terapia hipoglicemiante oral.(5,7)
Profissionais de saúde dispõem, atualmente, de diferentes formulações de insulinas, hipoglicemiantes orais de meia vida curta e pós-prandiais.
Os suplementos nutricionais, rotineiramente prescritos aos pacientes diabéticos, podem configurar um importante coadjuvante à terapia farmacológica.(8,9)

Modificações e interações nutricionais na DM

Dentre as anormalidades lipoprotéicas mais comuns, destacam-se: níveis aumentados de lipoproteínas de muito baixa densidade (VLDL-colesterol) e de triglicerídeos, e níveis reduzidos de lipoproteínas de alta densidade (HDL-colesterol). A hipertrigliceridemia observada em pacientes diabéticos pode estar correlacionada à hiperuricemia. A obesidade (predominantemente do tipo visceral) também se relaciona de maneira estreita com o diabete, especialmente do tipo II..
Na doença cardiovascular, notadamente na gênese da aterosclerose, identifica-se o diabete melito como fator de risco primário. Essas duas patologias podem estar inter-relacionadas em 40% a 60% dos casos.(10,11,12)

Objetivos dietoterápicos na DM

A Manutenção dos níveis glicêmicos dentro de parâmetros normais, redução da necessidade de insulina, fornecimento adequado de calorias, controle efetivo dos níveis séricos de lípides, prevenção das complicações sistêmicas e qualidade de vida dos pacientes devem ser a meta norteadora da terapia nutricional no diabete melito.(13,14,15)

Recomendações nutricionais

Na década de 1980, passaram a ser adotadas dietas normo ou hiperglicídicas, semelhantes às dietas de pacientes não-diabéticos, apenas sem sacarose. Após 1994, surgiram dietas individualizadas, limitando proteínas a 20% do valor calórico total e controlando os carboidratos e lipídios, visando ao melhor perfil glicêmico e lipídico.(4,9,16)