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Alimentaçâo escolar - introduçâo

FABIANA PICCINALLI MARIETTO
Graduada em Nutrição pela Universidade Bandeirantes em São Paulo.
Cordenadora responsavel na empresa Coan Pampas pela Merenda Escolar do Municipio de Sorocaba com 50.000 merendas/dia.

Uma das vertentes mais importantes da nutrição infantil visando a saúde, o desenvolvimento e a  educação alimentar de nossas crianças é a Alimentação Escolar.

O programa de Alimentação Escolar deve atender as necessidades nutricionais da criança de acordo com sua faixa etária, atividades desenvolvidas e o número de horas que permanecerá na escola.

Pela falta da educação nutricional, a criança deixa de ingerir certos alimentos importantes para a sua saúde e  crescimento, não tendo consciência da gravidade desta ação, preferindo comer  alimentos como doces, que além de serem de valor nutricional questionável, ainda são grandes causadores de cáries.

A educação nutricional tem grande importância no esclarecimento tanto da população, quanto da criança em suas escolhas alimentares, mas principalmente na orientação dos pais. Infelizmente, conhecimentos na área de nutrição não são obrigatórios para professores ou profissionais que trabalham na cozinha ou cantinas escolares; desta forma, o trabalho de educação nutricional fica defasado, ou mesmo, inexistente.

Pertencer ao grupo que come na escola pode ser um problema para crianças com alguma doença crônica ou desordem alimentar do tipo alergia alimentar, diabetes, fenilcetonúria, doença celíaca ou outras que requeiram modificações alimentares, pois ela precisará de uma alimentação diferenciada, o que a destacará do grupo. Uma vez que comer é um fator social e de integração, essas crianças precisarão de apoio dos professores por serem diferentes dos amigos na hora de comer.

Os hábitos alimentares, adequados ou não, são formados até os 2 anos de idade, e serão os mesmos por toda a vida do indivíduo, se não houver preocupação em mudá-los.

Tendo em vista a reeducação alimentar, os hábitos inadequados devem ser revertidos e os bons hábitos incentivados, pois os conflitos alimentares podem persistir se alguma atitude não for tomada. Esta tarefa não é apenas dos pais, uma vez que a criança vai crescendo, ganhando espaço e formando sua opinião sobre muitos fatos e entre eles, a sua alimentação, mas também da escola, professores, amigos e meios de comunicação através dos seus programas e anúncios publicitários.

Muitas crianças almoçam e/ou lancham na escola. Quando não participam da alimentação escolar, levam a merenda de casa ou dinheiro para comprar seu lanche. Nos casos em que não há a participação dos pais na escolha dos alimentos, é necessária a orientação de profissionais qualificados na área.

 PADRÔES DA ALIMENTAÇÃO DA CRIANÇA:

A Alimentação Escolar requer consciência e responsabilidade. Para atender os requisitos básicos do setor, deve-se fornecer uma alimentação adequada sob o ponto de vista nutricional, higiênico e sanitário.

Na idade pré-escolar, considerada de 2 a 6 anos, as crianças tornam-se aparentemente mais magras, por ser esta uma fase de estirão, onde há maior ganho de altura e menor de peso; além disso, o crescimento desacelera em relação às etapas anteriores e as necessidades nutricionais tornam-se menores, refletindo a menor ingestão alimentar.  A criança deve seguir o padrão alimentar da família. Durante o processo de formação de hábitos alimentares, evita-se guloseimas em excesso e fora do horário das refeições.

Crianças em idade escolar, de 6 a 12 anos, estão em um período da vida mais lento no que diz respeito a velocidade de crescimento e mudanças alimentares. Já estão seguindo uma rotina de ir à escola, o que torna a alimentação menos freqüente (de 4 a 5 vezes por dia) com influência  não somente da família. No período dos sete aos dez anos de idade, as necessidades nutricionais são mais elevadas em função, principalmente, da maior atividade física. Ao fim desse período, meninas estão tipicamente entrando na puberdade, seguidas mais tarde pelos meninos. Quando aproxima-se a puberdade, é comum o aumento de peso (período de repleção pré-puberal) precedendo  o estirão da adolescência.

Observando-se o caráter nutricional da alimentação escolar deve-se atentar ao fato que os cardápios devem ser balanceados e calculados dentro das recomendações diárias preconizadas pela OMS (Organização Mundial da Saúde). Estes cardápios devem atender a 15% das recomendações diárias para crianças com permanência de 4h/dia e 66% das recomendações diárias para crianças com permanência de 8h/dia na escola.

O segredo da boa alimentação está na variedade dos alimentos e na combinação entre eles. A partir dos 6 meses de vida, com a introdução de novos alimentos, a criança começa a formar seus hábitos alimentares e aprende a comer vários tipos de alimentos. O ideal é que a criança faça 6 refeições diárias. O lanche da escola esta entre estas refeições.

É fato conhecido que as crianças gostem de salgadinhos, refrigerantes, biscoitos recheados etc. Esses alimentos não são proibidos, mas  seu excesso poderá prejudicar a saúde porque são ricos em gordura e sal.

A manutenção de uma alimentação saudável é importante desde a infância, justamente por formar  melhores hábitos alimentares. Os familiares e a escola são muito importantes nessa idade, pois é por meio deles que a criança passa a conhecer novos alimentos.

 Alguns  exemplos de lanches saudáveis estão demonstrados no Quadro 1

Alimento

Kcal

Salada de frutas e iogurte de mel

275

Pão de queijo médio, pêra e refresco de uva

300

Sanduíche de queijo com presunto e achocolatado

348

Sanduíche de atum e refresco de caju

340

Sanduíche de queijo com presunto e iogurte de frutas

300

Bolo de chocolate s/ cobertura, refresco de uva e 1 maçã

250

Goiaba, 2 fatias de pão de milho, refresco de limão e 1 fatia de queijo

290

Broa de milho, refresco de caju e 1 cacho de uva rubi

293

 Quadro 1: Exemplo de cardápio para lanche saudável

É necessário cuidado com o que é oferecido aos seus filhos, porque o número de crianças obesas de 6 a 11 anos aumentou 54% entre o meio da década de 60 e final de 70.

A má alimentação pode ter sérias conseqüências para a criança em idade escolar. Por exemplo, a criança pode ficar facilmente fatigada (cansada), incapaz de participar completamente das experiências de aprendizagem e perder  aulas  por estar freqüentemente doente.

Vários estudos têm documentado o efeito negativo da má alimentação no desenvolvimento intelectual de crianças, outros identificaram que a criança que vai para a aula sem tomar café da manhã, tende a ser mais inativa, letárgica e irritável.

Alguns sintomas mais comuns são a fadiga, anorexia, evolução cognitiva anormal (aprendizado), anormalidade de crescimento, distúrbios epiteliais, redução da acidez gástrica, palidez cutânea , as unhas tornam-se finas e chatas.

NECESSIDADES NUTRICIONAIS DA CRIANÇA:

Quanto às necessidades de energia e proteína, a tabela 01 apresenta as ingestões médias de crianças de 6 a 12 anos. As necessidades de energia são estabelecidas pelo método fatorial. Segundo (COSTA et alli. 1996) como nos adultos, a TMB (taxa metabólica basal) das crianças é em geral o maior componente das necessidades.

TABELA 01 – Média estimada das ingestões e necessidades energéticas diárias de meninos de 6 a 12 anos, em comparação com as estimativas do Comitê de 1971.

Idade (anos)

Necessidades atuais (Kcal/dia)

6-7

1900

7-8

1990

8-9

2070

9-10

2150

Fonte: Costa, T. H. M. et alli (1996).

As doses seguras da ingestão de proteína podem ser observadas na tabela 2.

TABELA 02 – Doses seguras de ingestão de proteínas (leite e ovo) em crianças  até 10 anos de idade (ambos os sexos).

Idade (anos)

g proteína/kg/dia

2-3

1,13

3,1-4

1,09

4,1-5

1,06

5,1-6

1,02

6,1-7

1,01

7,1-8

1,01

8,1-9

1,01

9,1-10

0,99

Alguns nutrientes são pouco ingeridos pelas crianças, os quais devemos ter especial atenção. Os nutrientes que costumam ser menos ingeridos e apresentam mais deficiência são: cálcio, ferro, vitamina B6, vitamina A, vitamina C e zinco. Quanto mais limitada for a ingestão energética, mais suscetível estará a criança a ter deficiências nutricionais, qual seja, quanto menor a quantidade de energia ingerida, maior será o risco da criança apresentar carência em alguns desses nutrientes.

Quanto à utilização de suplementos de vitaminas e de minerais, o maior problema é que eles costumam ser utilizados por famílias de maior grau de instrução e menor necessidades deles. Não é indicado o uso de suplementos em crianças saudáveis. O uso de suplementos só deve ser feito com indicação de profissionais, e são recomendados em casos como:

  • - alergias alimentares;
  • - aceitação limitada de alimentos;
  • - doenças freqüentes ou crônicas;
  • - adolescentes grávidas;
  • - crianças com dietas vegetariana;
  • - crianças anoréticas, com pouco apetite ou hábitos alimentares pobres.   

É bom lembrar que para fazer uso de qualquer tipo de suplementos você precisa de recomendação especializada! Procure um pediatra!

RECOMENDAÇÕES:

Aqui estão algumas recomendações para tornar mais efetiva a Educação Alimentar da criança em casa e na escola.

O ambiente emocional na hora das refeições pode influenciar na alimentação da criança. A mesa de jantar não é local de brigas e ações punitivas para com a criança. Com a modernidade, a cada dia aumenta o número de mães que trabalham fora, o que vem causando um aumento muito grande no consumo de "fast foods", refeições em restaurantes e a utilização de alimentos pré-preparados pela falta tempo para fazer a comida caseira. Os pais muitas vezes precisam de ajuda na hora de escolher o tipo de comida para que a alimentação tanto da criança quanto da família se mantenha balanceada.

Carinho e atenção para os filhos são indispensáveis. Procure proporcionar um ambiente agradável para as crianças nos horários de refeição. Evite alimentação em frente à televisão e estimule seus filhos aos novos sabores.

Quanto a escola, o que costuma acontecer, principalmente no lanche, é a criança trazer na lancheira alimentos pobres em nutrientes por serem estes os mais práticos, como por exemplo: refrigerante com "cheetos". Ou, então, a criança leva dinheiro para comprar lanche na cantina, onde as suas preferências não terão nenhum embasamento nutriciona. Em decorrência, deve-se atentar a estrutura física escolar que possibilite o fornecimento de alimentação saudável e prática de atividade física.

Finalizando, promover a capacitação dos educadores e profissionais responsáveis pelo preparo da alimentação escolar e incentivar a pesquisa de materiais e métodos educativos são ações importantes visando a boa nutrição infantil nas escolas.

BIBLIOGRFIA:

CTENAS, M. L. VÍTOLO, M. R. Crescendo com saude - o guia de crescimento da criança. Editora C2. São Paulo. 1999.

MARINS, C. ABREU, S. S. Piramide dos alimentos - manual do educador. Nutroclinica. Parana. 1997.

FACULDADE DE CIENCIAS E SAUDE. UNIVERSIDADE FEDERAL DE BRASILIA. Projeto Qualidade. Disponivel em www.unb.br

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