A fome oculta é a deficiência de micronutrientes (vitaminas e minerais) que frequentemente não mostra sinais ou sintomas, mas que pode levar a alterações silenciosas e resultar em sequelas a longo prazo. Atualmente, a deficiência de micronutrientes afeta mais de 2 bilhões de pessoas no planeta.    

Ela ocorre quando a qualidade dos alimentos ingeridos não atinge as necessidades do indivíduo. Acomete principalmente as crianças devido à maior demanda de micronutrientes nesse período, em decorrência do crescimento e do desenvolvimento. Não importa o peso da criança, a fome oculta pode afetar os mais magros, os mais obesos, ou até mesmo aquela com peso adequado.
Idosos, com má alimentação, também podem apresentar sérias deficiências.
Entre os minerais que resultam em carência nutricional, podemos destacar, o ferro, o zinco, o iodo, o selênio, o cálcio, o magnésio e o fósforo. No mundo, são mais frequentes as deficiências de ferro, zinco e iodo, sendo a de ferro a mais prevalente.
O ferro é um mineral essencial para o transporte de oxigênio, para o desenvolvimento cerebral e atua no sistema imunológico. A principal consequência da carência de ferro é a anemia, e, na criança, pode afetar o crescimento, causar déficit de aprendizagem e de cognição, além de aumentar o número e a gravidade dos quadros infecciosos. Garantir a ingestão de carnes, espinafre, ostras, fígado, ervilha e legumes, é a melhor forma de prevenir a sua deficiência.
O zinco também é importante para o desenvolvimento e crescimento da criança, e atua nos sistemas imune e reprodutivo, na cognição, na visão e no paladar. Portanto, a sua deficiência pode levar ao retardo de crescimento e da puberdade, assim como alterações de pele e de cicatrização, no paladar e falta de apetite. Como principal fonte de zinco temos: ostras, carnes e vísceras, grãos integrais, castanhas, cereais, legumes e tubérculos.
A síndrome da fadiga crônica, comum em executivos, pode ser desencadeada pela deficiência de zinco.
O cálcio, encontrado principalmente no leite e nos produtos lácteos, é o mineral mais abundante no corpo humano, e, juntamente com o fósforo, compõe os ossos e os dentes. Ainda atua na contração muscular, na manutenção da pressão arterial, na coagulação e na oxidação de gordura, diminuindo a massa gorda. Idosos com níveis baixos, pode apresentar indícios de osteopenia e osteoporose.
No Brasil, a deficiência de iodo tem sido combatida com a iodização do sal. O iodo compõe os hormônios da tireoide e também atua no crescimento e no desenvolvimento cerebral. Daí a sua carência gerar hipotireoidismo, retardo mental e atraso cognitivo. Nos alimentos, o iodo está presente nos alimentos marinhos, sal iodado, leite e ovo.
Alguns alimentos podem dificultar ou favorecer a absorção dos minerais. A ingestão de frutas cítricas junto aos alimentos fonte de ferro, por exemplo, aumentam a sua absorção, porém o refrigerante e o leite podem atrapalhar, por isso se recomenda evitar a ingestão de leite durante as refeições principais. Em altas doses, o ferro prejudica a absorção de cobre e zinco, sendo um dos motivos por que se deve evitar a associação, na mesma refeição, de industrializados fortificados (por exemplo, fórmulas lácteas e cereais infantis).
As dosagens rotineiras, por meio de exames laboratoriais, devem avaliar esses minerais e a necessidade de reposição.